Há pouco mais de trinta anos Brasília ganhou um espaço lúdico e educativo cuja missão foi a de promover a cultura italiana em sua diversidade. Aproximar italianos de não italianos, descendentes e italianistas, apaixonados pelo verde, vermelho e branco era o que unia o ideário e os esforços para a construção da emblemática Casa d’Itália. A casa nasceu do sonho de dois imigrantes residentes no Distrito Federal, o professor Giovanni Gambella e o empresário do setor hoteleiro Marco Marchetti que, no ano de 1992, abriram à população um local que faria história.
Situada na Asa Sul, EQS 208/209, a Casa d’Itália povoou o entorno da famosa quadra com suas cores e aromas. O charmoso endereço primou pela prática do idioma e a sua larga divulgação, promoveu a arte italiana, a tradição culinária, revelando a muitos os hábitos sociais e os símbolos que traduzem o rico universo de valores e ideias desta cultura. É de calor humano que estamos falando. A instituição, voltada ao ensino e ao legado cultural italiano, prestou serviços inestimáveis à formação dos brasilienses. Além disso, nutriu e divulgou a italianidade dos italianos fora de casa aproximando, afetiva e socialmente, Brasil e Itália. Foi lá, no anexo Teatro Goldoni, que peças de Pirandello e do dramaturgo veneziano Goldoni, entre outros italianos de projeção atemporal, foram encenadas.
A horizontal Capital Federal sempre acolheu as diferentes culturas que aqui se reúnem e os estrangeiros que nela habitam – com suas nacionalidades, língua de origem, olhares e costumes – deram à cidade o colorido vivo que a caracteriza. Mas, no último mês do corrente ano, um vazio passou a ocupar a paisagem desta nostra Casa e o pulsante, alegre e cosmopolita endereço dos italianos veio abaixo. Por infortúnio, o alvo edifício de amplos arcos e janelas suspensas foi demolido. Ou seja, a Casa D’Itália deixou de existir. Com o ocorrido, os italianos que vivem na região ficaram sem seu lugar existencial e representativo, e os amigos e alunos brasilienses sem poder desfrutar do ambiente cultural universal e acessível que tinham.
Diante desse fato e naturalmente comovido, o COM.IT.ES de Brasília subscreve: há que se preservar esse lugar imaginário. Redesenhar seus contornos. Como já disse a canção mineira de Lô Borges e Milton Nascimento, na obra Clube da Esquina, “Porque se chamavam homens, também se chamavam sonhos e sonhos não envelhecem”. Avanti!